domingo, 29 de agosto de 2010

Cliques Contemporâneos


O que motiva um clique? Por que alguns fotógrafos escolhem temas quase oníricos para expressar suas ideias? Quão documental pode ser uma foto? Essas e outras questões são abordadas no livro A Fotografia como Arte Contemporânea (Editora Martins Fontes, 248 págs., R$ 59) da diretora de criação do Museu Nacional de Mídia do Reino Unido, Charlotte Cotton.

Sua motivação, explica a autora, é que nunca o mercado esteve tão aberto à arte fotográfica. "Sempre houve quem a promovesse como uma forma de arte ao lado da pintura e da escultura, mas nunca essa perspectiva foi difundida com tanta frequência e veemência como agora", explica.

A pesquisa de Charlotte detectou oito categorias de fotografia na contemporaneidade, que foram divididas em capítulos. Temáticas, estilos, estéticas, paisagens urbanas e rurais ora desoladoras, ora cheias de vida, independentemente de haver pessoas enquadradas. O crivo da autora, que já foi curadora de exposições diversas no Reino Unido, vai além de organizar publicações do gênero. Artistas japoneses, suíços e taiuaneses, além dos britânicos, são explorados.

A autora destrincha cada imagem que escolheu colocar no livro: detalha influências, um possível contexto histórico, localização e por vezes identifica os personagens.

O resultado do trabalho é um apanhado de imagens em sua maior parte impactantes ao primeiro olhar, mas cheias de significados. Sobretudo para os que sempre se perguntaram o que se passa na cabeça dos fotógrafos antes e depois de produzir as imagens.

A primeira parte se dedica justamente a isso: de como se é possível subverter o pensamento de que o fotógrafo é apenas um colecionador de momentos aleatórios. Aqui, a fotografia é um objeto artístico por si só e não como simples registro do que se passou.

O uso documental também é abordado, numa retrospectiva quase histórica dessa arte que transcende o fotojornalismo.

Um dos capítulos mais interessantes, porém, é o que retrata a vida íntima. Nudez, mulheres que acabaram de dar à luz, aspectos do corpo humano que podem causar repulsa transfigurados em suporte para uma manifestação que pode ser até sutil. Larry Clark, fotógrafo que invariavelmente se aventura no cinema (como em Kids, de 1995), é um dos profissionais que tiveram fotos selecionadas nessa seção. Outro cineasta, O alemão Wim Wenders, também tem seus registros.

Texto: Ângela Corrêa

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Waltercio Caldas Abre Duas Mostras Simultâneas no Rio


Quase 40 anos depois de participar de seu primeiro salão de arte, Waltercio Caldas abre duas exposições no Rio. Na Galeria Anita Schwartz (Gávea) está sua produção mais recente. E no Museu de Arte Moderna, o espaço em que o artista plástico carioca estudou - nos anos 60, com Ivan Serpa, quando ainda era um jovem que buscava diálogo com a obra dos que o instigavam - e debutou, no Salão de Verão de 1971. O museu agora abriga trabalhos de momentos marcantes de sua carreira, como as bienais de Veneza de 1997 e de 2007.

A galeria da Gávea foi totalmente ocupada por suas esculturas de médio e grande porte, além de trabalhos em papel. Tudo inédito para os brasileiros. A abertura ao público será no dia 16.

A ideia é que curadores e colecionadores estrangeiros que estejam no País para a Bienal (25/9 a 12/12) passem pelo Rio para ver Waltercio, que está no acervo de alguns dos principais museus do mundo e também nas ruas, com esculturas em espaços públicos.

A mostra do MAM, aberta a partir de hoje, reproduz Salas e Abismos, exibida com sucesso no Museu Vale, em Vila Velha (ES), até fevereiro - em quatro meses, foram mais de 20 mil visitantes, segundo sua produtora, Suzy Muniz. Em ambas, a discussão da relação da obra com o ambiente em que está inserida.

Ao Rio, Salas e Abismos veio com mais trabalhos. Quatro são os últimos módulos da série que ele concebeu para a Bienal de Veneza de 97. Outros três - O Jogo do Romance, Quarto Amarelo e Esculturas para Todos os Materiais Não Transparentes - complementam o que foi a Vila Velha. São trabalhos que misturam projeções, música e objetos.

Imagem: Jussara Martins
Texto: O Estado de São Paulo

terça-feira, 24 de agosto de 2010

terça-feira, 17 de agosto de 2010

A Essência do Olhar do Fotógrafo Luiz Braga


Premiado no Brasil e no exterior, fotógrafo abre mostra com acervo doado ao Estado

De todas as exposições que marcaram os 36 anos de carreira de Luiz Braga, a mostra “O percurso do olhar” é a que ele considera de maior valor sentimental. Premiado no Brasil e no exterior, o fotógrafo paraense nunca escondeu que seu maior desejo era ter uma exposição permanente em sua terra natal.

A vontade era tanta, que Luiz Braga resolveu doar 46 obras ao acervo do Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas. Entre elas, 13 fazem parte da série “Verde-noite, 11 raios na estrada nova, fotografia, nigthvision”, criada em 2009 com financiamento do Prêmio de Artes Plásticas Marcantônio Vilaça, da Funarte, que visa a criação de trabalhos inéditos para a composição de acervos de museus brasileiros. A elas se juntaram quatro obras adquiridas anteriormente pela Casa das Onze Janelas.

A exposição foi montada em tom de retrospectiva e abrange o período de 1982 a 2010. Com a doação, o Museu das Onze Janelas passa a ser a primeiro museu a abrigar uma coleção de fotografias do artista na Região Norte. “São centenas de milhares de reais em fotografias, mas não vou receber um tostão por isso. Tentei por muitos anos um financiamento para a aquisição de acervo, mas quando vi que isso não tinha chances de acontecer, resolvi agir por conta própria. Não estou reclamando, mas considero que esse é um papel do governo, preservar o patrimônio artístico”, afirma o fotógrafo.

Como o próprio nome indica, “O percurso do olhar” refaz a trajetória do artista, mostrando ao público as nuances da construção do seu olhar. “As fotografias expostas passam por todas as minhas fases: pela descoberta da cor, do preto e branco, da luz, do infravermelho. Durante este percurso há uma noção de como se constitui um olhar. É quintessência do meu olhar. A técnica muda, mas a alma por trás das imagens é a mesma”, explica Luiz Braga.

Sem expor em Belém desde 2005, quando realizou a mostra “Arraial da Luz”, Luiz Braga vê na nova exposição uma oportunidade de se reaproximar do público paraense. “Moro em Belém, mas passo pouco tempo aqui. Já estou virando cantor sertanejo, com uma agenda quilométrica: dia 11 em Araçatuba, dia 13 na Feira de Exposição (risos). Já até perdi voo por causa da confusão com as datas”, confessa.

Nos últimos dias, além de curador da 18ª exposição de fotografias da coleção Pirelli/Masp, em São Paulo, Luiz Braga também estava cuidando de uma outra exposição autoral, “Estrada Nova Sem Número”, também na capital paulista.

“Sou muito feliz por ter conseguido me firmar como fotógrafo de arte. Essa era uma utopia que eu persegui. Hoje meu estúdio está quase virando peça de decoração”, diz.

PARA VER

Mostra fotográfica “Luiz Braga - O percurso do olhar”. Abertura hoje, às 19h30, no Museu de Arte Contemporânea Casa das Onze Janelas, na Praça Frei Caetano Brandão, s/n, Cidade Velha. A visitação segue até o dia 3 de outubro, de terça a domingo, de 10h às 16h, e nos feriados, de 9 às 13h. No dia 17 de setembro, às 19h, haverá um bate-papo com o artista, com participação da crítica de arte Marisa Mokarzel. Entrada franca.

Imagens: Luiz Braga
Texto: Diário do Pará

sábado, 14 de agosto de 2010


Tendo em vista fomentar a cultura e promover a troca de informações entre pesquisadores, estudantes, interessados em arte, instituições de ensino e de cultura, a Caixa Cultural São Paulo apresenta a série de encontros “Arte Contemporânea e Educação”, que acontece entre 12 junho e 27 de novembro. A série foi dividida em seis eixos temáticos: “Linguagens Híbridas”, “Interculturalidade”, “Arte e Tecnologia”, “Cultura Visual”, com “Arte e Ambiente”, e “Interatividade”. Artistas, educadores e produtores da “Arteducação Produções”, vão conduzir as palestras e contam com a participação de convidados especiais. Nos dias 14, 18 e 28 de agosto, acontece a série de palestras sobre arte e tecnologia com Camila Lia e Stella Ramos. Para participar, basta efetuar sua inscrição por meio do telefone da Caixa Cultural, (11) 3321-4400, das 10h às 18h.

Imagem: Caixa Cultural São Paulo
Texto: Blog Sérgio Motta

domingo, 8 de agosto de 2010

Sociedade Semear Promove 'Artes Visuais Sergipe'


Ao todo, serão produzidas oito ações com o objetivo de estimular a criação artística e refletir sobre a arte contemporânea brasileira, difundindo sua diversidade.

Durante os meses de agosto, setembro e outubro, a Sociedade Semear irá realizar a segunda edição do projeto 'Artes Visuais Sergipe'. Ao todo, serão produzidas oito ações com o objetivo de estimular a criação artística e refletir sobre a arte contemporânea brasileira, difundindo sua diversidade e complexidade.

As atividades (todas realizadas na sede da Semear) contam com artistas de renome local e nacional e prometem movimentar o cenário das artes visuais em Sergipe. Galeria Jenner Augusto e seu anexo receberão duas exposições coletivas, 'Junto de Oito' e 'Abstratos'. Quatro palestrantes passarão pelo projeto: Clarissa Diniz (PE), Janaina Melo (MG), César Romero (BA) e Cauê Alves (SP). E serão lançados, ainda, as publicações 'Revista Tatuí' e 'Artes Visuais Sergipe – Conexões 2010'.

O 'Arte Visuais Sergipe: Conexões 2010' foi concebido a partir dos resultados positivos que ocorreram na primeira edição do programa, em 2008. Surgiu a necessidade de dar continuidade ao fluxo de informações relativas à arte contemporânea e estimular o diálogo entre a realidade sergipana e os panoramas artísticos de outros estados. Nesta segunda edição, o Artes Visuais Sergipe ganhará ainda mais visibilidade ao contribuir, de maneira decisiva, para um diálogo aberto entre artistas, mídia, críticos de arte, estudantes e sociedade em geral.

Programação

Agosto
Abertura da Exposição ‘Junto de Oito’

Artistas: Alan Adi, Cláudia Nem, Elias Santos, Fábio Sampaio, Jamson Madureira, João Valdenio, Marcos Vieira e Marly

Data: 27/08, às 19h

Local: Anexo da Galeria Jenner Augusto (Sociedade Semear)


Lançamento da Revista Tatuí – por Clarissa Diniz (PE)

Data: 27/08, às 19h

Local: Anexo da Galeria Jenner Augusto


Palestra: Arte, Campo da Arte e Contexto Social.

Palestrante: Clarissa Diniz (PE)

Data: 27/08, às 19h30

Data: 28/08, às 9h

Local: Auditório do Espaço Cultural Sociedade Semear


Setembro

Palestra: Educação e Mediação da Arte Contemporânea.

Palestrante: Janaina Melo (BH)

Data: 10/09, às 19h

Data: 11/09, às 09h

Local: Auditório do Espaço Cultural Semear


Palestra : O artista como trabalhador: Mercado e Profissionalismo nas Artes Plásticas

Palestrante: César Romero (BA)

Data: 24/09, às 19h

Data: 25/09, às 09h

Local: Auditório do Espaço Cultural Semear


Outubro

Palestra : Reflexões sobre práticas de curadoria

Palestrante: Cauê Alves (SP)

Data: 01/10, às 19h

Data: 02/10, às 09h

Local: Auditório do Espaço Cultural Semear


Lançamento do livro Artes Visuais Sergipe – Conexões 2010

Autores: Antônio da Cruz/Clarissa Diniz/Cauê Alves/César Romero/Ivan Masafret/Janaína Melo/Leo Mittaraquis/

Data: 05/10 às 19h

Local: Galeria Jenner Augusto (Sociedade Semear)


Abertura da exposição ‘Abstratos’

Artistas: Frans Krajcberg /Manuel Cargaleiro/Antônio Bandeira /Arthur Luiz Piza /Fátima Tosca/ Guel Silveira/ Jenner Augusto entre outros.
Curadoria: Zeca Fernandes

Data: 05/10, às 19h30

Local: Galeria Jenner Augusto (Sociedade Semear)

Por fim, no dia 07 de outubro, todos os participantes serão convidados para uma reunião de avaliação com o intuito de fomentar e potencializar o discurso iniciado nas palestras e demais eventos do projeto.

Todos esses eventos (eixos) serão realizados sem nenhum custo para os participantes inscritos. As inscrições terão início no dia 09 de agosto na Sociedade Semear ou através do e-mail culturaeartes@sociedadesemear.org.br. Outras informações podem ser obtidas através do 3214-800.

Imagem: Obra:"Cerca Urbana" de Bené Santana.
Texto: Semear



Site:sociedadesemear.org.br

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Exposição 'Cadernos de Desenho'


Às vezes como resultado final ou apenas como a extensão do pensamento – assim se configura o desenho nas artes. Nem sempre aparente, ele serve de base para a criação, como o esboço, o princípio e a sustentação de uma ideia. Foi para desvendar a função do desenho nas obras que Ana Lúcia Vilela fez um convite a seis artistas para que, juntos, vasculhassem os ateliês, a fim de dar corpo à exposição itinerante que abre hoje na Galeria de Arte Victor Kursancew.

“Cadernos de Desenho” mostra o processo de criação por meio das anotações e documentos pessoais dos artistas Carlos Asp, Fernando Lindote, Julia Amaral, José Antônio Lacerda, Raquel Stolf e Yiftah Peled. A pesquisa foi contemplada pelo edital Elisabete Anderle e também criou um livro que será lançado em outubro, na Capital. A publicação aborda o desenho contemporâneo a partir do diálogo com os artistas e da documentação da exposição.

Junto à exposição, Ana Lúcia apresenta hoje a oficina “O Desenho no Limiar da Representação: entre Modernidade e Contemporaneidade”. O encontro vai tratar da operação aparentemente simples que geralmente exige poucos recursos, como lápis e papel, graveto e areia da praia, carvão e madeira. Apesar da simplicidade, a pesquisadora mostra que a prática do desenho não é unívoca, mas apresenta uma multiplicidade de formas, meios e operações. A oficina abordará algumas das formas através das quais a prática do desenho se apresentou no campo das artes.

A circulação da mostra encerra em Joinville e segue até 3 de setembro. As obras já passaram pelo Memorial Meyer Filho, na Capital; pela Galeria de Arte da Fundação Cultural, de Criciúma, e pelo Museu de Arte da UFPR, em Curitiba.

MAIS

O QUÊ: abertura da exposição “Cadernos de Desenho”, de Carlos Asp, Fernando Lindote, Julia Amaral, José Antônio Lacerda, Raquel Stolf e Yiftah Peled.

QUANDO: hoje, às 19h30. Visitação até 3 de setembro, de segunda a sexta, das 8 às 12 horas, e das 14 às 20 horas.

ONDE: Galeria Municipal de Arte Victor Kursancew, anexo à Casa da Cultura, rua Dona Francisca,

QUANTO: entrada gratuita.

MAIS

O QUÊ: oficina “O Desenho no Limiar da Representação: entre Modernidade e contemporaneidade”.

QUANDO: hoje, das 14 às 18 horas.

ONDE: sala 10 da Casa da Cultura.

QUANTO: as inscrições gratuitas podem ser feitas pelo (47) 3433-2266.

Texto: rafaela mazzaro
Imagem: Fernando Lindote

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Professora Analisa o Ensino de Artes da Perspectiva de Artistas-Professores


Para compreender a convergência entre as práticas artística e educacional, Célia Maria de Castro Almeida parte de questões básicas: "é possível ensinar arte?" e "como se ensina arte?". O resultado de suas reflexões está agora publicado em Ser artista, ser professor - razões e paixões do ofício, lançamento da Editora Unesp.

Em vez de procurar respostas às questões apenas no resgate bibliográfico sobre o tema, a autora optou pela pesquisa dos modos como os artistas-professores vivenciam sua prática nas instituições de ensino superior. Essa mudança no ponto de observação teve como objetivo desmistificar as concepções teóricas sobre o ensino da arte. Foram entrevistados 26 artistas plásticos que são também professores, para relatar suas experiências e percepções, o que significou trabalhar com a subjetividade e as múltiplas realidades de concepções e práticas.

Como afirma o professor da Unicamp, Milton José de Almeida, no prefácio da obra, trata-se de "um trabalho de pesquisa de mão dupla: enquanto pesquisava o que os artistas pensavam a respeito do ensino das artes, a autora pesquisava suas próprias concepções de ensino, de educação e de arte". Deste modo, a essência do ensino das artes plásticas transparece no confronto gerado pelas concepções do artista inspirado, espontâneo, gênio individual e do artista que demora anos estudando e se preparando. Célia Maria também reflete sobre a possível massificação escolar e questiona se "a educação e o ensino de artes não deveriam rever seus objetivos para não criar ilusões tanto para os professores quanto para os alunos, que imaginam que se formam artistas".

O livro integra a Coleção Arte e Educação, que tem por objetivo atender à demanda por uma produção intelectual mais ampla sobre a prática da formação artística dos estudantes brasileiros, preenchendo uma lacuna notada por artistas e arte-educadores de todo o país e produzindo novos públicos fruidores de cultura.

Sobre a autora - Licenciada em Educação Musical (1970) e Educação Artística (1974) pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC/Campinas), mestre (1981) e doutora em Educação (1992) pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Foi professora de Educação Musical e Educação Artística em escolas de Educação Infantil e no Ensino Fundamental e médio. Na PUC foi docente (1975-1986) em curso superior de formação de professores para a educação infantil. Também foi docente e pesquisadora da Faculdade de Educação da Unicamp no período 1986-1997, quando se aposentou. Desde 1999 é docente no Mestrado em Educação e no curso de Pedagogia da Universidade de Uberaba (MG).

Título: Ser Artista, Ser Professor: razões e paixões do ofício.
Autora: Célia Maria de Castro Almeida
Páginas: 166
Formato: 14 x 21 cm
ISBN: 978-85-7139-991-4
Data de publicação: 2010

Imagem e Texto: Editora Unesp