sexta-feira, 29 de junho de 2012

Entrevista com Andrei Miralha Sobre Cinema de Animação


Andrei Miralha é paraense, graduado em arquitetura, criador de histórias em quadrinhos e produtor de cinema de animação.


Inicialmente, comente um pouco sobre a sua origem e formação.

 Nasci e cresci em Belém do Pará, comecei a desenhar aos 8 anos de idade, copiando desenhos do Maurício de Souza e Walt Disney, e porque gostava de desenhar me formei em Arquitetura e Urbanismo em 1997. Na adolescência fiz parte de um grupo de quadrinhos chamado Ponto de Fuga, que realizava exposições e produzia um fanzine, chegamos a ter uma gibiteca. Comecei a me interessar por animação depois que fui indicado pela Fundação Curro Velho, onde ministrava oficinas de desenho desde 1993, para participar de um workshop promovido por um festival de cinema em Belém. E a partir daí iniciei minha trajetória com animação.


Fale de sua trajetória até esse momento.

Em 2003, surgiu o convite de um amigo pra produzir um teaser promocional para o projeto de animação chamado “Águas e Vidas”. Esse teaser serviria para captação de recursos e realização do filme, mas ocorreram muitos problemas para a realização desse trabalho e nessa mesma época o Cássio Tavernard iniciava o projeto do curta “A Onda-Festa na Pororoca” e já havia me convidado para participar. Como o “Águas e Vidas” tinha empacado, algumas pessoas, que estavam nesse projeto foram arrastados pela “Onda”, e  assim produzimos o curta que inicia esse boom da animação no Pará. Em 2005, dirigi e produzi o curta “Admirimiriti” que já participou de vários festivais e mostras em diferentes regiões do Estado, chegando até a França. Em 2009, dirigi e produzi o Muragens - Crônicas de um Muro, que foi o primeiro curta paraense na Mostra Competitiva do Anima Mundi 2009. Participou do Festival Monstra (Portugal) e Animasivo (México), e em 2010 ganhou o prêmio de Melhor Animação no FestCine Amazônia (Rondônia) e o prêmio de Melhor Curta-metragem de Ficção no Festival Noites com Sol (Pará). Em 2012 foi a vez do curta “Nossa Senhora dos Miritis”, prêmio do edital do Ministério da Cultura, que também competiu no Anima Mundi 2012, participou do Anima Mundi Itinerante 2012 e este ano está no Festival Internacional do Cinema Infantil. Ano passado, com o patrocínio do Banco da Amazônia, lançamos o DVD Miritis que contém os curtas “Admirimiriti”, “Nossa Senhora dos Miritis” e o documentário ”Miriti-Miri”.


Como foi essa transição dos quadrinhos para a produção do cinema de animação?

A história do cinema de animação está repleto de autores de quadrinhos que flertavam com animação. Winsor MacCay, criador do personagem Litle Nemo, grande sucesso na década de 20, é considerado um dos precursores da animação. Comigo não foi diferente, eu também acabei passando dos quadrinhos para a animação, mas sem a pompa do MacCay que era um mestre dos desenhos. Acho que produzir histórias contadas em sequências de imagens tem uma relação muito forte com o próprio cinema. Por um lado, os quadrinhos se aproximam da literatura no que se refere ao texto escrito, e por outro ao cinema, com seus diversos tipos de enquadramentos para contar uma história, e assim ditar um ritmo de leitura. Apesar de algumas pessoas classificarem os quadrinhos como um tipo de literatura, acredito que se trata de uma linguagem específica. Atualmente, estou mais fascinado com as possibilidades gráficas infinitas das animações, onde tudo é possível, tanto na forma, quanto no movimento. É justamente essa liberdade de criação que me fascina. O curta Muragens - Crônicas de um Muro, que produzi em 2009, é um divisor de águas pra mim, pois ali pudemos exercitar bem esse potencial expressivo que animação permite.


O que estais pesquisando ou produzindo atualmente?

Recentemente, concluí as animações do curta “Quem Vai Levar Mariazinha pra Passear” que foi premiado no edital “Curta Criança” do ministério da Cultura e Tv Brasil. O curta, dirigido por André Mardock, é adaptação de um espetáculo teatral, de mesmo nome, de Ester Sá e Maurício Franco. O filme trás ação direta (filmado com atores) e animação com personagens criados com recortes de papel, e foi aí que eu entrei. No momento, inicio as animações de uma série de três curtas de um minuto chamado “Para Vler Poesia” do meu amigo Marcílio Costa, que foi um dos contemplados no edital de animação da Tv Cultura, que deve ser concluído até setembro deste ano. E depois desse, já emendo em outro projeto, o “Pedaços de Pássaros” outra parceria com o Marcílio, que acaba de ser premiado no edital de curta metragens do Ministério da Cultura. É um ótimo momento em minha carreira para a afirmação deste caminho que escolhi.


Como o cinema de animação pode estar inserido em ambientes educacionais (escolas, fundações, ONGs)?

 A animação pode ser um excelente recurso didático. O Anima Mundi desenvolve um projeto chamado Anima Escola desde 2001, e obteve ótimos resultados. O processo inicia-se com a capacitação de professores, para depois chegar aos alunos. Tenho planos de fazer algo parecido aqui em Belém. Atualmente, desenvolvo um projeto de núcleo de Animação na Fundação Curro Velho, e uma das propostas é justamente essa. De trabalhar essa linguagem em algumas escolas públicas em que a direção e os professores apoiem essa iniciativa.


Como é possível formar novos produtores?

 Através de muito estudo, de experiências práticas e cursos específicos. Na verdade, se considerasse que apenas através de cursos seja possível formar um animador, desconsideraria muita gente que produz animação e que nunca passou por um curso profissionalizante, e são ótimos profissionais. Mas com certeza, através de um curso, você tem a possibilidade de aprender com quem já faz, e assim você pula etapas,  aprende mais rápido, aprende métodos mais eficientes. Mas de qualquer forma, não há nada como a prática. Por isso, estagiar num bom estúdio de animação é uma excelente oportunidade de aprendizado. Nesse sentido, como comentei anteriormente, estamos desenvolvendo na Fundação Curro Velho, um núcleo de animação que além de promover oficinas de iniciação a animação, irá dispor de um estúdio que contará com estagiários para produção constante de curtas de animação com caráter experimental e artístico. Acredito que esta ação contribuirá para o desenvolvimento desta linguagem no Pará. Mas isso é só o primeiro passo, quem sabe um dia consigamos ter um curso acadêmico de especialização em animação aqui no Pará.

  
Entrevista exclusiva concedida ao Blog Arte: Pesquisa e Ensino.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Exposição de Arte na Rio+20 faz Apelo à Preservação do Planeta

  
A exposição "Humanidade 2012", evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), no Rio de Janeiro, aproveita uma série de obras futuristas para fazer um apelo à preservação do planeta.
As criações, dispostas em nove salas temáticas no Forte de Copacabana, abordam questões como natureza, fontes de energia, biodiversidade, produção agrícola e o mundo do futuro, todas com um alerta sobre o risco decorrente da ação devastadora do ser humano.

As salas foram instaladas nos cantos dos quatro níveis da estrutura de andaimes construída no forte. Os visitantes podem interagir com os sons da natureza, as cores, a música ambiental e as declarações em poemas, vídeo e áudio de personalidades comprometidas com a luta pela preservação dos recursos naturais, como o falecido escritor Jorge Amado e a cantora Maria Bethânia.

Em um dos espaços, as pessoas sentem os efeitos das mudanças climáticas provocados pelo homem, passando do intenso frio ao forte calor.

As filas para o acesso ao forte ocupam as ruas divisórias ao antigo forte militar e à entrada das pessoas - em alguns casos, chega a demorar mais de duas horas. A exposição foi inaugurada no dia 11 de junho e se estenderá até a próxima sexta-feira.

Imagem: Daniel Marenco

Texto: EFE


segunda-feira, 11 de junho de 2012

TEDxRio+20: Vik Muniz e a Contribuição da Arte


A capacidade da arte de gerar visões alternativas na maneira como as pessoas percebem o mundo a sua volta pode mudar nossa relação com a natureza, contribuindo para a sustentabilidade, informou nesta segunda-feira (11) o artista plástico Vik Muniz para a plateia presente no TEDxRio+20, evento paralelo oficial da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, Rio+20.

Em um contraponto aos palestrantes que se dedicavam a temas mais futurísticos, como alta tecnologia e a “cura do envelhecimento”, Muniz afirmou que a atitude de “prever futuros problemas é uma coisa que existe dentro de círculos muito específicos da ciência, mas não faz parte do dia a dia das pessoas. Primeiro tem que ter uma goteira, para depois consertar o telhado”.

No depoimento de apoio à campanha Eu Sou Nós das Nações Unidas, Muniz defende que as primeiras mudanças passam pelo comportamento.

— A gente tem que desenvolver antes uma ecologia da mente. Uma maneira de ver as coisas de uma forma diferente, uma forma até mais afetiva.

Temas como tecnologia e morte (José Luis Cordeiro), sincronicidade e coincidência (José Maria Gomes), gravidez digna e marcas psicológicas (Eleanor Luzes), além de militância política e enfrentamento (Marina Silva) também foram abordados nesta segunda.



Imagem: band.com.br

Texto: R7 Rio de Janeiro