domingo, 15 de dezembro de 2013

ARTE CONTEMPORÂNEA: QUE NEGÓCIO É ESSE?



Vídeo: Café Controverso / UFMG

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Antropologia Cultural de Franz Boas


 
"Antropologia Cultural" de Franz Boas, publicado pela editora Zahar, reúne cinco ensaios de leitura imprescindível para todos aqueles que se iniciam no estudo da cultura, em seus mais diferentes enfoques. Este conjunto é uma iniciativa memorável para os estudos antropológicos no Brasil e constituiu o eixo central para a consolidação de toda a antropologia moderno-contemporânea.
 
 
 
 
 
 
 
 
Imagem e texto: Zahar Editora

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Amilcar de Castro: Repetição e Síntese

                        

A  exposição apresenta um panorama da criação de Amilcar de Castro (1920-2002), reunindo obras das diversas áreas de atuação do artista mineiro. São esculturas de corte e dobra, pinturas e esculturas de grandes dimensões, desenhos em nanquim, esculturas em madeira, desenhos de projetos de esculturas e coleção de gravuras. 

 
Curadoria: Evandro Salles



 

13 Nov a 27 Jan

Local: Pátio e 3º Pavimento do CCBB BH

Horário: De quarta a segunda, das 9h às 21h


  
Imagem: Enciclopédia Itaú Cultural
Texto: CCBB/BH

domingo, 22 de setembro de 2013

Exposição Mostra as Transformações em 60 Anos na Arte Brasileira

 
A Fundação Bienal de São Paulo inaugurou a exposição 30 x Bienal - Transformações na Arte Brasileira da 1ª à 30 Edição, que traz a trajetória artística do país nos últimos 60 anos, de 1951 até 2012, destacando a participação brasileira da primeira à última bienal.
“Procurei encontrar correspondência entre a importância da bienal e a importância na história da arte brasileira. É um pouco buscar o paralelo entre essas duas histórias que são complementares”, disse o curador da mostra, Paulo Venâncio Filho, que acredita que a Bienal é um dos elementos que estruturou a arte brasileira a partir da segunda metade do século 20.
A mostra, que tem obras de todas as edições da bienal, traz uma seleção de 250 obras de 111 artistas. De acordo com o curador, a intenção é propor uma orientação não cronológica, mas flexível, “que possa ultrapassar tempo e espaço, sem, entretanto, deixar de observar a continuidade histórica de seis décadas”.
“Selecionar [as obras] foi uma tarefa difícil, complicada, porque participaram das 30 edições cerca de 1.700 artistas. Tive de fazer uma redução muito drástica, cheguei a esse número de 111, que acho que é um número representativo desse período”, disse.

A exposição traz um panorama das influências presentes na bienal, que abrange desde a abstração geométrica ao concretismo, a arte pop, a geração conceitual e o reflexo dessas escolas na produção dos artistas de hoje.
 
“A bienal ainda é o grande evento artístico do Brasil. Fundamental para as artes plásticas e para a cultura brasileira. Hoje as artes plásticas têm um papel maior, mas há 60 anos ninguém sabia o que era, a bienal deu uma dimensão pública para as artes plásticas”, disse Venâncio.
A exposição ocorre até 8 de dezembro no prédio da Fundação Bienal de São Paulo, no Parque Ibirapuera, Portão 3. Terças, quintas, sábados, domingos e feriados funciona das 9 h às 19 h (entrada até às 18h). Às quartas e sextas, das 9 h às 22 h (entrada até às 21h). A entrada é gratuita.
 
Imagens: Acervo da Fundação Bienal
Texto: Bruno Bocchini - Repórter da Agência Brasil
Edição: Fábio Massalli

domingo, 18 de agosto de 2013

O Fim da História da Arte, de Hans Belting



Este livro traz dois ensaios onde Hans Belting - um dos maiores pensadores das artes visuais da atualidade - articula questões centrais para a reflexão sobre a história da arte. Para o autor, é preciso reformular a "ciência das artes" para uma abordagem que evite o maior pecado de um historiador: o anacronismo. A história da arte, tal como era contada, aparece para ele como um "equívoco ocidental", que trata o desenvolvimento de algumas correntes da produção visual de uma determinada cultura como uma narrativa única e universal. O autor propõe uma revisão das concepções da pesquisa em um novo modo de encarar esses fenômenos e chamá-los pelo nome que eles têm. Dentro desta perspectiva, Belting nos oferece um amplo panorama da produção em história da arte, problematiza algumas peculiaridades da arte contemporânea, tenta entender as peculiaridades dos museus ontem e hoje e nos sugere "uma nova e mais abrangente história da imagem". O volume inclui ainda um conjunto de imagens que, apresentadas sem encadeamento linear, constituem um discurso em si mesmo, num íntimo diálogo com os textos.
 
 
Imagem e texto: Cosac Naify
 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Artes Visuais e Desigualdade Social: Um Esboço Histórico

Por Ednaldo Britto

Quando os artistas financiados pelo mecenato renascentista deslocaram a pintura da condição de produto das corporações de ofícios para a categoria de “coisa mental” ou artes liberais, deram início ao distanciamento atual entre as manifestações de artes visuais e o cidadão comum.

No século XVIII, os franceses ao tomarem de assalto dos italianos o posto de “cultura de elite” do Ocidente, utilizaram-no politicamente para difundir pelo mundo uma concepção de arte atrelada à sua hegemonia econômica e cultural. Neste sentido, ao desembarcar no Rio de Janeiro em 1816, trazida pelos artistas napoleônicos da Missão Artística Francesa, a arte das monarquias europeias ou arte acadêmica – herdeira do mundo greco-romano e renascentista – torna-se instrumento da monarquia brasileira em sua “luta” contra o estilo Barroco-Colonial que, até então, se popularizava com as bênçãos dos jesuítas. 


    Desenbarque de D. Leopoldina no Brasil – Óleo sobre tela, Jean-Baptiste Debret.

Com a Proclamação da República em 1822, surgem no Brasil às primeiras iniciativas para transformar a arte acadêmica em algo acessível à maioria da população. Entretanto, a suntuosidade, a formalidade e a sacralização das obras de arte expostas nos luxuosos salões neoclássicos dos primeiros museus do país, serviram apenas para alargar e aprofundar ainda mais o fosso existente entre os cidadãos sem instrução artística e as artes visuais.
 
  Museu Nacional de Belas Artes – Rio de Janeiro
Foto: Cláudio Lara
                                       
Nas duas primeiras décadas do século XX, o Brasil presencia o embate ideológico entre duas facetas de sua “elite”. De um lado, os ricos herdeiros da aristocracia cafeeira, partidários do academicismo. De outro, os novos ricos da indústria paulista que se auto-intitulavam vanguardistas modernos. Neste contexto, após uma sucessiva troca de agressões entre as partes envolvidas no conflito ideológico, prevalece a estética nacionalista de feição européia, exaltada na Semana de Arte Moderna em 1922. No entanto, a mudança proposta pelos modernistas permaneceu no plano teórico e formal, não atingindo aspectos estruturais ou simbólicos relevantes que pudessem destituir a arte do seu caráter elitista. 
  Modernistas – Teatro Municipal de São Paulo 1922
 
Em 1951, exposta na primeira Bienal Internacional de Arte de São Paulo, chega ao Brasil a arte abstrata. “Criada” por artistas europeus e ampliada pelo neo-expressionismo norte americano, a abstração eleva o tom do discurso visual para um nível ainda mais intelectualizado; o que mantém a arte brasileira como algo inacessível  às classes “não educadas” do país.
 
  Unidade Tripartida (1951) – Max Bill
 
Na década de 1960, conciliada à linguagem da informática, a abstração inaugura em território brasileiro o período da arte contemporânea ou pós-moderna, que em sua vertente conceitualista propõe a “desmaterialização da obra de arte”. Por fim, destituída de seus suportes convencionais, a arte é transformada em pura ideação e concebida como linguagem, tornando-se objeto de estudo semiológico de intelectuais ligados aos meios acadêmicos.   
 
                                                                                                     Arquiteturas biológicas (1969) Lygia Clark.
 
Hoje, como parte do esforço para reduzir a desigualdade, o grande desafio político-cultural consiste em diminuir a distância que separa as criações artísticas nacionais dos não-artistas. Para isso, a produção e o acesso às artes visuais devem transitar em vias de mão dupla, do contrário, a arte brasileira permanecerá historicamente como “coisa mental”, feita por poucos e para poucos. 
 
 
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1.       Segundo pesquisa realizada pelo Programa das Nações Unidas Para o Desenvolvimento (PNUD) o Brasil, a sexta maior economia, possui hoje a sétima pior taxa de desigualdade do mundo (0,56%).

2.       Ednaldo Britto é pesquisador, produtor e professor de Artes Visuais com formação em Arte e pós-graduado em Estudos Culturais pela Universidade Federal do Pará. Atualmente, trabalha com Gestão Cultural, formação de Educadores e é responsável pelo Blog Arte: Pesquisa e Ensino. 
            

sexta-feira, 12 de julho de 2013

“Imagens Rumo à Ficção”, com Ricardo Macêdo no Fotoativa


A associação Fotoativa, sediada em Belém do Pará, importante polo de pesquisa e produção fotográfica do país, realizará no período de 20 a 27 de Julho, a Oficina Fotografia em Linguagens: Imagens Rumo à Ficção, com o pesquisador, artista e educador Ricardo Macêdo, graduado em Artes Visuais (UFPA), Design de Interiores (CEFET) e mestrando em Artes Visuais e Tecnologia da Imagem pela UFMG.

A oficina que “propõe uma abordagem múltipla da imagem, tendo como mediadores a fotografia, o desenho e a pintura em aquarela”, será realizada na sede da Fotoativa, localizada no centro histórico de Belém, no horário de 14 as 17 horas.

Segundo Macêdo, as etapas de trabalho da Oficina compreenderão “estudos das imagens, seus referenciais, autores e artistas; o acesso às imagens no contexto contemporâneo; pesquisa de campo, entrecruzamentos de imagens e processos experimentais”.  

Para maiores informações:  http://www.fotoativa.org.br
 
 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Entrevista com o Artista Paraense João Cirilo


Cirilo é graduado em Educação Artística (2004), especialista em Semiótica e Artes Visuais (2006) e mestre em Artes pela Universidade Federal do Pará (2011). Trabalha com pesquisa, produção e educação na área de Artes Visuais.

 

Em que medida as atividades profissionais que hoje realizas como artista visual, músico, gestor público, pesquisador e educador, resultam da tua origem ligada ao distrito de Icoaraci, em Belém do Pará?

Acredito que o principal dado que Icoaraci me ofereceu ao longo de todos esses anos e que ecoa na minha prática profissional, na minha forma de me relacionar e entender o mundo, está na percepção de experenciar o tempo; o desejo de procurar saber desfrutá-lo. A distância geográfica que o distrito de Icoaraci possui de praticamente todos os lugares do mundo me ensinou a possibilidade de apreciar e valorizar o caminho, o percurso, a trajetória, e digo isso em diversos sentidos, sendo o principal deles, o de estimar e valorizar mais as experiências do presente do que os resultados imagináveis do futuro. É pela observação das ruas; do tempo, das pessoas e das coisas pelas janelas dos ônibus ao longo do trajeto de casa para o centro e vice versa, que vislumbro ideias, elucubro possibilidades. É no tempo passado nos ônibus que leio, estudo, ouço música, observo, aprendo, reflito. Atravesso atualmente um processo profundo de mudança. A Bonsalvage, banda da qual fiz parte entre 2008 e 2012, acabou, e me vejo cada vez mais envolvido com o meio acadêmico, ministrando aulas de desenho e de composição visual, e buscando cada vez mais me qualificar nesse sentido. Há sempre a necessidade de se qualificar, de estudar cada vez mais. De 2009 para cá me dediquei ao mestrado em Artes, pela UFPA, curso que concluí em 2011. Percebo que minha produção em artes visuais começa a passar por transformações também. Recentemente, me mudei de Icoaraci, passando a morar em Ananindeua. Ananindeua é longe, mas decerto, não se compara em nada ao que Icoaraci tem e é nesse sentido.

No período que se estende da tua primeira incursão como artista visual em 2001 até o momento atual, como tu analisas a trajetória da arte brasileira contemporânea?  

Percebo que, pelo menos em Belém, no ano de 2001 as coisas eram bem diferentes do cenário que se tem hoje, o que se deve, talvez, ao espírito de mudança daquele período. Havia um clima propício para as coisas acontecerem, uma movimentação espontânea na cidade em torno das questões da arte. Exposições, investimentos, ocasiões e eventos nos quais se discutiam e se debatiam sobre diversos temas; o surgimento de novos museus e galerias, e, por incrível que pareça, havia público nesses eventos e lugares. Hoje, pelo menos aqui, o que percebo é a existência de uma apatia geral. Uma paisagem modorrenta, na qual não há investimentos; equipamentos culturais são fechados ou encontram-se falidos. Os artistas e suas produções padeceram de um movimento de retração, e ainda que alguns poucos editais ofereçam alguns subsídios e apoios para estes, tais chamarizes parecem insuficientes e desinteressantes para fazer com que esses produtores se sintam estimulados a agenciar e expor suas obras na cidade. E assim como os artistas, o público se retraiu. Não há público, nem mercado, nem investimentos, nem espaços adequados, com uma estrutura ideal, e o que se tem é a indiferença e um marasmo. 

Nos grandes centros culturais e econômicos do país, contudo, começa-se a se discutir e a se buscar a constituição de práticas mais consolidadas de mercado. Nesses lugares, as artes visuais parecem receber melhores investimentos; e lá há mais espaços, mais público, e dentre este, alguns compradores circunstanciais, e uma recente e maior valorização de aspectos relacionados à técnica, a determinados procedimentos como o desenho, a pintura, a gravura. 

Hoje, os poucos artistas paraenses que se destacam e aparecem nos salões que aqui acontecem, esperam surpreender e causar assombro no público fazendo uso de recursos batidos, já executados de tempos em tempos, reproduzidos ao infinito. Tal procedimento se faz admirar mais pelo absurdo do pouco engenho, pelo uso da repetição sem critérios, já que muitas vezes é feito sem conhecimento histórico e teórico, sem ciência do que já foi feito, como se tudo fosse novo e válido, ou por outras vezes se apoiam conscienciosamente no pretexto contemporâneo da releitura e da apropriação de trabalhos. Em termos de projeção da arte e dos artistas paraenses nas principais capitais brasileiras, como Rio de janeiro, São Paulo, Brasília, com a realização de exposições, penso que essa movimentação não se reflete no que temos em Belém em termos de movimentação. Infelizmente, como tem ocorrido na música, o aparente boom de Belém nos meios de comunicação de massa parece mais especulação do mercado do que um reflexo direto do que temos aqui em termos de produção e de investimentos na área da cultura. 

Embora se caracterize por uma diversidade que vai do desenho a intervenção urbana a tua produção é eminentemente gráfica; o que te coloca na condição de um artista contemporâneo que utiliza processos manuais para a criação visual. Deste ponto de vista, é possível afirmar que a arte conceitual e seus “objetos prontos” não extinguiram as manualidades do contexto da arte contemporânea, como têm sido frequentemente cogitado?  

Pelo contrário. Percebo que depois de um período de enorme  arrebatamento e fascínio que os ready mades imprimiram nas pessoas ao longo do século XX, por suas praticidades e possibilidades de expressão, começou-se a se esboçar um certo cansaço, certa irritação nas pessoas. O excesso de conceitualismo, quero dizer, o hermetismo de certas obras, impôs um afastamento do público, o qual não se reconheceu mais ali. Faltam muitas vezes às obras contemporâneas a capacidade de hoje espelhar o humano, o que vai desembocar naquilo que Ortega Y Gasset chama de a desumanização da arte. Por outro lado, o cinema e a música, por exemplo, e ao contrário das artes visuais, gozam hoje de uma grande aproximação com o público, o que se justifica, dentre outras coisas, talvez pelo fato de tais linguagens conseguirem falar às pessoas, tocá-las, espelhá-las de uma forma mais direta. É possível perceber que em certos países como a China, os Estados Unidos, começam a se impor movimentos de revalorização da arte figurativa, pautada não só na criatividade dos artistas, mas também em suas habilidades manuais. Dizer, porém, que o futuro da arte seja esse é algo complicado. Acredito que as diversas expressões e possibilidades estéticas e artísticas precisam e podem acontecer e coexistir. 

Nos últimos cinquenta anos os críticos e historiadores foram substituídos pelos curadores e galeristas, que hoje criam os seus grupos de influências e ditam as regras no interior do sistema das artes. Além disto, o mercado passou a exigir dos artistas um nível cada vez maior de profissionalização. Como é que você lida com estas questões no seu dia-a-dia? Em que aspectos estes fatos influenciam diretamente na condução do teu trabalho? 

Quando comecei a produzir e expor meus trabalhos, ainda na condição de estudante do curso de artes na UFPA, me sentia muito instigado a entrar, conhecer e tirar minhas próprias conclusões acerca do meio das artes visuais em Belém e em outras cidades. Nesse sentido, pelo menos em termos locais, a experiência com o Grupo A9, um coletivo do qual fiz parte, e dele outros artistas como Flávio Araujo, Daniely Meireles, Fernando D’Pádua, e que esteve em atividade entre 2001 e 2004, me permitiu isso. A atuação em grupo, aliás, foi uma estratégia que permitiu a nossa inserção nesse meio, já que de outro modo seria complicado. Do fim do grupo até 2008 participei ativamente de exposições coletivas, salões; fiz três exposições individuais (Pretinho Básico, 2003; O Desenho em Suspensão, 2005; e Color Bars, 2008). De qualquer forma, os grupos existem, fechados como são, e estabelecem campos de atração e de repulsão que podem beneficiar e prejudicar artistas. Depois dessa experiência, sempre busquei me manter neutro em relação a grupos de influências, o que pode ter me atrapalhado um pouco, em certo sentido. Por outro lado, a liberdade que se tem para trilhar seu próprio caminho é algo extraordinário. Como sempre vi minha produção desligada da necessidade de me sustentar financeiramente, procurando para isso outros meios, não me sinto obrigado a produzir em série e a estar preso a um único estilo de trabalho, o que a meu ver é algo muito saudável. Ultimamente, levado pelos experimentos e questionamentos levantados por minha última exposição, Color Bars, comecei a investigar algumas possibilidades de imersão no universo da cor, que tem me servido para avaliar os próximos passos de meu percurso, que ainda estão em processo.

A despeito da enorme pobreza material que atinge grande parte de sua população (Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) 43% da população do Pará encontra-se em condição de pobreza), o Estado do Pará vem sendo apontado pela imprensa especializada como um lugar culturalmente próspero e que apresenta uma arte contemporânea singular e muito expressiva.  Considerando tais aspectos, seria correto afirmar que no Pará a “arte pela arte” se impôs como “sistema de crenças que defende a autonomia da arte” perante a realidade?

Poucos são os artistas paraenses que espelham e apresentam de forma mais crítica em suas obras abordagens acerca de aspectos sociais de nossa região. É um fenômeno interessante a ser observado. Na grande parte das vezes, o que se evidencia é a valorização de elementos estéticos, o destaque ao que é exótico, a exploração de um ideal ou de um simulacro do que venha a ser o amazônico. A discussão de temas atuais, como a construção de Belo Monte, por exemplo, com tudo o que ela trará de impactos ambientais e sociais, é tema que interessa a poucos artistas, infelizmente. Assim como assuntos como a violência, o analfabetismo, a questão agrária; da exploração de minérios, a prostituição, a violência contra a mulher, a pobreza. Acho que hoje os artistas paraenses mais envolvidos com tais questões são a Lucia Gomes, que apesar de estar longe de Belém, e talvez por isso mesmo, faça trabalhos que visam a denunciar certas coisas, nas quais a gente está imerso aqui e parece não ver. Outro artista é o Flávio Araújo, que vem pesquisando acerca da violência urbana de uma forma bastante contundente. Além destes, nomes como Armando Queiroz, produzem nesse sentido. O resto, ou é uma produção que se pauta no escatológico pelo escatológico, ou no hermetismo pelo hermetismo, ou no fofinho de uma arte fofinha ou cai no clichê do amazônico exótico, infelizmente.

Em setembro de 2012 participaste da exposição “O Fio Condutor”, realizada na cidade do Rio de Janeiro pela galeria Graphos: Brasil. Dentre os artistas que integraram a exposição estavam Anna Bella Gaiger, Waltercio Caldas e Carlos Vergara, nomes importantíssimos no cenário da arte contemporânea brasileira e internacional. Como foi esta experiência? Consideras que o teu trabalho atingiu um nível ideal de amadurecimento?  

Ao visitar o Rio de Janeiro, em 2011, busquei conhecer algumas galerias dessa cidade com a finalidade de ampliar as probabilidades de lugares para expor meu trabalho. Fui de forma independente, sem indicação de ninguém. Das várias galerias que visitei, a Graphos: Brasil foi a que me recebeu de braços abertos. Passamos cerca de um ano conversando sobre a produção dos trabalhos a ser exibidos  lá, e acabamos por decidir pela série de desenhos de postes e fios, O Desenho em Suspensão. Essa coisa de linhas, fios, acabou servindo como base para a exposição coletiva que o proprietário da Galeria denominou de O Fio Condutor. Para mim foi uma experiência extraordinária participar dessa exposição. Ganhei uma sala individual e vi obras de artistas dos quais sou admirador há tempos, como é o caso do Vik Muniz, do Carlos Vergara, da Anna Bella Geiger.  Acredito, porém, que essa exposição tenha sido um caso isolado, já que a Graphos: Brasil não trabalha com representação nem agenciamento de artistas. Sendo assim, só voltarei a expor lá por ocasiões de uma nova coletiva ou a realização de uma individual, o que seria maravilhoso, mas é algo que depende exclusivamente dos interesses e das possibilidades da galeria. De qualquer forma, a exposição aconteceu, alguns trabalhos ficaram por lá para serem comercializados, porém, como tive de recorrer a ideias de trabalhos já realizados do meu portfólio, percebo que a exposição serviu mais para encerrar uma fase, um ciclo, marcados pelo desenho e por composições monocromáticas, em preto e branco. Encerrar, aliás, em condições excelentes, dentro de um meio mais profissional. Agora, envolvido em questões de cores, de pintura e de representações realistas, diante, portanto, de um universo totalmente novo, o que há de amadurecimento e de certo é a incerteza e as surpresas do que estão por vir. A vontade de aprender  cada vez mais com o que está em curso. 


* Agradecemos João Cirilo por sua gentileza.
 

domingo, 2 de junho de 2013

Arte Contemporânea Brasileira na Bienal de Veneza

 






















Sob curadoria do venezuelano Luiz Pérez-Oramas, espaço dedicado ao Brasil na Bienal de Veneza procura mostrar toda a diversidade atual da arte contemporânea do país, sem esquecer contribuições do passado.
Com curadoria de Massimiliano Gioni, a 55° Bienal de Veneza recebeu o título de O Palácio Enciclopédico e indaga sobre o domínio da imaginação. O evento começou no sábado (01/06) e vai até dia 24 de novembro.
Buscando levar a Veneza produções de artistas brasileiros contemporâneos de peso, o pavilhão brasileiro é ancorado pelos artistas Hélio Fervenza e Odires Mlászho, que foram convidados a produzir obras inéditas para a exposição.
 

Texto Completo: http://www.dw.de
 

quinta-feira, 30 de maio de 2013

Performance - A importância do Movimento Corporal na Arte Contemporânea

 
 Fonte: Programa Diverso / TV Brasil 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Ferreira Gullar e a Arte Contemporânea

 
(Fonte: Programa Sintonia)

sexta-feira, 22 de março de 2013

Livro: "Estética Digital" de Claudia Gianneti



Partindo de uma análise dos antecedentes e dos novos paradigmas estéticos, Claudia Giannetti aborda as novas tendências da pesquisa artística acerca da interatividade, como um dos fenômenos mais característicos da arte e da tecnologia. Estética digital é uma obra de referência para compreender o momento atual e pensar o contexto futuro da arte digital. Sua intrincada trama de relações interdisciplinares requer um estudo dos fenômenos e das teorias que conduzem à sintopia da arte, da ciência e da tecnologia. 

 
 
 

Imagem e texto:  www.comartevirtual.com.br

sexta-feira, 8 de março de 2013

Experimentos de Arte em Reserva de Manaus


A Manifesta Arte e Cultura está realizando o projeto Lab Verde: Experimentações Artísticas na Amazônia, uma iniciativa pioneira de reflexão sobre arte e meio ambiente que irá promover um conjunto de conteúdos inéditos nas artes visuais e incentivar o desenvolvimento da Land Art no Brasil.

A primeira edição do programa irá selecionar cinco artistas para a realização de intervenções na Reserva Florestal Adolpho Ducke, na cidade de Manaus. Para tanto, está realizando uma convocatória pública entre os artistas de diferentes regiões brasileiras para participar do Edital Lab Verde, disponível no site oficial do programa (no endereço www.labverde.com.br).

Os artistas selecionados serão orientados por uma equipe de especialistas das áreas de Biologia, Artes Visuais e Arquitetura e consagrados com R$ 3 mil para a produção de obras, bem como uma viagem a Manaus para um período de residência na Reserva Florestal.

Além da experiência na Reserva, o programa irá realizar o seminário “Lab Verde: Interações entre Arte e Meio Ambiente”, em parceria com a Universidade Federal do Amazonas, e fará a edição de uma catálogo disponível para download.

Área preservada

Localizada a 25 quilômetros de Manaus, a Reserva Florestal Adolpho Ducke é coberta por uma típica floresta tropical da Amazônia, abriga 100 km² de mata preservada e é a maior reserva florestal urbana do mundo. Criada em 1963 com o objetivo de preservar a floresta amazônica para o futuro, é administrada pelo Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), responsável por cuidar da área de conservação e preservar sua biodiversidade.

Atualmente, a reserva é uma das principais áreas de estudos do Inpa: cerca de noventa profissionais e estudantes desenvolvem pesquisas de pós-graduação nas áreas de climatologia, zoologia, botânica, ecologia e gestão de zonas protegidas, entre outras.


 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Bourdieu e as Entranhas do Sistema

“As grandes revoluções artísticas não são do feitio nem dos dominantes (temporalmente) que, aqui como alhures, não têm nada a criticar a uma ordem que os consagra, nem dos dominados tout court, frequentemente condenados por suas condições de existência e suas disposições a uma prática rotineira da literatura (arte) e que podem fornecer tropas tanto aos heresiarcas quanto aos guardiões da ordem simbólica. Elas competem a esses seres bastardos e inclassificáveis cujas disposições aristocráticas, muitas vezes associadas a uma origem social privilegiada e à posse de um grande capital simbólico (...), encorajam uma profunda ‘impaciência dos limites’, sociais, mas também estéticos, e uma intolerância, altiva com todos os comprometidos com o século.”

 
(BOURDIEU, Pierre. As Regras da Arte. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.)

 
Pierre Bourdieu (França, 1930) estudou no Liceu Louis-le-Grand em Paris. Ingressou na École Normale Supérieure onde estudou Filosofia. Serviu como militar francês na Argélia. Estudou Antropologia e Sociologia. Tornou-se professor nas Universidades de Sorbonne e Lille. Especializou-se em Sociologia Clássica (Durkheim, Weber e Marx). Foi fundador e diretor do Centro Europeu de Sociologia.

 

 

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O Vazio da Cultura (Ou a Imbecilização do Brasil) em Carta Capital


A edição de número 734, de 6 de fevereiro, da revista Carta Capital trás, além de críticas e argumentações contundentes no seu  Editorial assinado pelo jornalista Mino Carta, matérias que dão “nomen et ignominia” da cultura brasileira, redigidas por Rosane Pavam, Francisco Quinteiros Pires, Vladimir Safatle e Daniela Castro.  Imperdível!










Site: www.cartacapital.com.br


quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Instituto Figueiredo Ferraz Oferece Curso de História da Arte


O Instituto Figueiredo Ferraz está com as inscrições abertas para um novo curso de História da Arte chamado “De Leonardo ao Digital”.
O Curso que é coordenado por Daniela Bousso e Lucia Santaella, inicia-se dia 20 de março e tem duração de seis meses. Nele serão abordados temas desde o renascimento até a Arte Contemporânea que lida com a complexidade digital e com as ferramentas utilizadas pelas novas tecnologias.
O curso tem como público alvo estudantes de arte, jornalistas culturais, artistas, professores de arte, profissionais da área de museus, arte educadores, aspirantes à crítica e curadoria, profissionais de comunicação e semiótica.
O Instituto Figueiredo Ferraz fica na rua Maestro Ignácio Stabile, 200 – Ribeirão Preto / SP
 
Para mais informações acesse: www.institutofigueiredoferraz.com.br

Fonte: Ribeirão Preto Online
 

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Simposio Latinoamericano de Formación de Profesores de Artes: investigaciones actuales y sus contextos

El Simposio Latinoamericano de Formación de Profesores de Artes: investigaciones actuales y sus contextos se desarrollará en el marco del II Encuentro de las Ciencias Humanas y Tecnológicas para la integración en el Cono Sur (II ECHTEC), que se celebrará en Bogotá, Colombia, los días 2, 3 y 4 de mayo de 2013, en la Universidad Sergio Arboleda.

Este Simposio pretende reunir aportes de investigadores que desarrollen sus trabajos de investigación en el área de la Formación de Profesores de Artes en torno a las múltiples realidades que atraviesan nuestras sociedades latinoamericanas.

Los resúmenes pueden ser enviados por correo electrónico con copia a todos los coordinadores del Simposio hasta el 31 de enero de 2013.


Fonte: www.iuna.edu.ar

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ministra Martha Suplicy Publica Artigo Sobre o Vale-Cultura


"A gente não quer só comida"
O Vale-Cultura pode, sim, ser o "alimento da alma". Por que não? Pela primeira vez o trabalhador terá um dinheiro para o consumo cultural.
A Folha publicou editorial ("Vale-populismo", 10/1) crítico do Vale-Cultura (VC). Chama de "populismo" e promoção pessoal e eleitoreira projeto de lei que buscava aprovação desde 2009. Com a regulamentação do VC, empresas poderão passar R$ 50 a seus funcionários que recebam prioritariamente até cinco salários mínimos (R$ 3.390) para gastarem em cultura.
O Brasil nos últimos anos, com Lula e agora Dilma, tem dado passos gigantescos para acabar com a miséria. Não preciso citar os números dos que hoje comem nem dos que hoje entraram na classe média. O Bolsa Família, trucidado pela oposição, hoje é comprovadamente um instrumento de erradicação da pobreza.

O Vale-Cultura pode, sim, ser o "alimento da alma". Por que não? Pela primeira vez o trabalhador terá um dinheiro que poderá gastar no consumo cultural: sejam livros, cinema, DVDs, teatro, museus, shows, revistas...
Lembro que, quando fizemos os CEUs (Centro Educacional Unificado), na pesquisa (2004) realizada no primeiro deles, na zona leste, 100% dos entrevistados nunca tinham entrado num teatro e 86%, num cinema. Quando Denise Stoklos fez seu espetáculo de mímica, a plateia se remexia inquieta até entender a linguagem e não se ouvir uma mosca no teatro, fascinado.
Fomento ao teatro, aquisição de conhecimento e bagagem cultural! Não foi à toa que Fernanda Montenegro ficou pasma com a plateia dos CEUs. Essas pessoas, se tiverem criado gosto, finalmente poderão usufruir e escolher mais do que hoje podem. E os que não têm CEU têm televisão e conhecem o que é oferecido para determinado público. Sabem também o que aparece no bairro. E sabem que não podem ir.
Existe toda uma multidão de brasileiros (17 milhões) que hoje ganha até cinco salários mínimos (R$ 3.390) que potencialmente poderão, além de comer, alimentar o espírito. Este é um projeto de lei que toca duas pontas: o cidadão que vai consumir e o produtor cultural que terá mais público para sua oferta.
Quando chegarmos nesse potencial, serão R$ 7 bilhões injetados na cultura. Nossa previsão é atingir R$ 500 milhões neste ano.
Em 2008, o Ibope realizou pesquisa sobre indicadores de cultura no Brasil e mostrou que a grande maioria da população está alijada do consumo dos produtos culturais: 87% não frequentavam cinemas, 92% nunca foram a um museu; 90% dos municípios do país não tinham sala de cinema e 78% nunca assistiram a um espetáculo de dança.
Segundo a Folha, estaremos incentivando blockbusters e livros de autoajuda. Visão elitista. Cada um tem direito de consumir o que lhe agrada. Não esqueço quando, visitando um telecentro, fiquei indignada que a maioria dos jovens estava nos chats de um reality show. Fui advertida pela gestora: "Esse é um instrumento que eles estão aprendendo a usar. Depois, poderão voar para outros interesses. Ou não".
Não custa lembrar que a fome pelo acesso à cultura é enorme, o que ficou evidente nas filas quilométricas na mostra sobre impressionistas quando apresentada gratuitamente pelo Banco do Brasil.
O que a Folha também menosprezou é a enorme alavanca que o VC pode representar e desencadear na economia. A cadeia produtiva da cultura é o investimento de maior rentabilidade a curto prazo. Para uma peça de teatro, você vai desde os artistas, ao carpinteiro, cenógrafo, vestuário, iluminador...
Quanto ao recurso ir para formação e atividades de menor sustentação comercial, citadas como prioritários pelaFolha, os editais do ministério, os Pontos de Cultura, têm exatamente essa preocupação, assim como os CEUs das Artes e Esporte que são, no momento, 124 em construção no país.

"A gente quer comida, diversão e arte." (Titãs)
MARTA SUPLICY, 67, é ministra da Cultura. Foi prefeita de São Paulo (2001-2004), ministra do Turismo (2007-2008) e senadora (2011-2012) .