quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Exposição em SP Reúne Obras de Carlos Scliar


Quando o pintor e desenhista Carlos Scliar (1920-2001) começou a sua carreira, em meados dos anos 40, a arte brasileira ainda digeria as proposições feitas a partir do movimento modernista. Teoricamente, a ideia predominante era a de que precisávamos de uma arte nacional, com temas que dissessem respeito à nossa realidade. Scliar acabou seguindo esse caminho. Na exposição "Carlos Scliar, da reflexão à criação" é possível conferir um pouco dos 60 anos da trajetória do artista gaúcho. São 100 obras, entre desenhos, serigrafias, litografias e pinturas.

Os trabalhos expostos compreendem gravuras da década de 40, desenhos que o artista fez na Itália, em 1944 (quando serviu ao exército brasileiro na Segunda Guerra Mundial), uma série sobre os telhados de Ouro Preto, entre outros trabalhos. A série Com a FEB na Itália, aliás, é um dos destaques da exposição. Há desenhos das paisagens do norte do país e retratos de soldados - entre eles, o próprio artista.

"Scliar tinha uma verve política e social que foi traduzida para a sua produção artística", explica Marcus Lontra, curador da mostra. "Ele era um defensor dos ideais democráticos." Pintava, sobretudo, porque achava que a arte podia mobilizar as pessoas. Sobre isso, deixou registrado: "Quis atuar numa área que pudesse lançar ideias".

Nacionalista, o gaúcho também procurava valorizar, em suas pinturas e gravuras, os objetos que fazem parte do cotidiano. Bules, velas e lamparinas ganharam o primeiro plano em suas obras. Ao transformar esses artefatos simples em inspiração, Scliar seguiu o preceito modernista de romper com os cânones artísticos. Tudo poderia servir de tema. Essa busca pelo simples, inclusive, faz com que suas obras sejam vistas como um registro da iconografia nacional.

Para construir esses objetos, o artista lançava mão de linhas e figuras geométricas. "Independentemente da técnica utilizada, muitas das obras de Scliar foram desenhadas a partir de linhas e vetores", conta Marcus Lontra. Um exemplo disso é a gravura Composição com Garrafas (1974), retratada na foto menor desta matéria. Nela, vê-se como a geometria e a relação entre as linhas são referências essenciais para o artista. As informações são do Jornal da Tarde.

Serviço

Carlos Scliar, da Reflexão à Criação - Caixa Cultural SP. Conjunto Nacional (Avenida Paulista, 2.083, Cerqueira César). Tel. (011) 3321-4400. Até 8/1. De terça a sábado, das 9h às 21h; domingos e feriados, das 10h às 21h. Grátis.


Imagem: Obra “Vários objetos e beringelas”, técnica mista, 1995.
Texto: Diário do Grande ABC

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