sábado, 24 de dezembro de 2011

O Universo Afro-Brasileiro de Rubem Valentim


Recriador do universo mítico afro-brasileiro, o artista plástico Rubem Valentim (1922-1991) construiu uma das trajetórias mais originais da geração projetada nos anos 50 e 60. Com telas, serigrafias, esculturas e relevos, o Museu de Arte Moderna da Bahia apresenta, até 12 de fevereiro de 2012, as diferentes fases do escultor baiano, que abriu caminhos para a utilização de signos africanos nas artes visuais.

Num manifesto de 1976, Rubem Valentim definiu o seu projeto estético: "Minha linguagem plástico-visual-signográfica está ligada aos valores míticos profundos de uma cultura afro-brasileira (mestiça-animista-fetichista). Com o peso da Bahia sobre mim - a cultura vivenciada, com o sangue negro nas veias - o atavismo; com os olhos abertos para o que se faz no mundo - a contemporaneidade; criando seus signos-símbolos procuro transformar em linguagem visual o mundo encantado, mágico, provavelmente místico que flui continuamente dentro de mim".

Situado no Solar do Unhão, um conjunto arquitetônico colonial cravado na costa de Salvador, o MAM-BA ocupa uma antiga capela com obras de Valetim, como parte da ideia de integrar o acervo do escultor aos espaços históricos. "A inserção do conjunto de esculturas Templo de Oxalá no espaço do Casarão vai potencializar o caráter monumental de sua obra", afirma a diretora do museu, Stella Carrozzo, no texto de apresentação.

Valentim é um dos grandes artistas da primeira geração modernista de artistas plásticos na Bahia, onde ainda prevalecia a pintura acadêmica, no início dos anos 40. Mário Cravo Júnior, Genaro de Carvalho e Carlos Bastos integravam esse grupo inicial de agitadores da província. "O artista deixou Salvador em direção ao Rio de Janeiro em 1957, com uma proposta estética definida - sua geometria como elemento do sensível - proposta esta que lhe deu, em 1962, o prêmio de viagem ao estrangeiro no XI Salão Nacional de Arte Moderna. Esta viagem, da qual não retornaria por cerca de três anos e meio, lhe ofereceria um novo horizonte no que diz respeito à Arte Negra e dos Povos Primitivos", narra o informativo biográfico.

O MAM promove também, em janeiro, debates sobre cultura, história e memória. Entre os temas, "Religiosidade e cultura: a presença afro-brasileira na obra de Rubem Valentim", seminário a ser ministrado pelo professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Ordep Serra, doutor em Antropologia.


Exposição: "Rubem Valentim"
Museu de Arte Moderna da Bahia - Av. Contorno, s/n, Solar do Unhão.
Terça a domingo - 13h às 19h
Sábados - 13h às 21h
Telefone: (71) 3117-6139



Imagem: Obra de Rubem Valentim (Foto: Luciano Oliveira)
Texto: Terra Magazine

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