quinta-feira, 19 de abril de 2012

Arte, Privilégio e Distinção


Artes Visuais, Arquitetura e Classe Dirigente no Brasil, 1855/1985

O solitário trabalho de ateliê não basta à produção da arte. Ela não existiria sem a energia coletiva liberada cotidianamente no (e pelo) meio artístico, em função de uma complexa rede de trocas econômicas e simbólicas. O historiador e o jornalista, o marchand e o leiloeiro, o colunista e o colunável, o colecionador e o especulador, a decoradora e o museólogo têm cada qual parte ativa no processo. Eles estão, de um modo ou de outro, na origem de práticas e instituições sem as quais não haveria identidades, movimentos, hierarquias e cotações – valor e memória, enfim. As ilusões de estar “à margem” da sociedade e de lidar com o “sagrado” protegem esse pequeno mundo da curiosidade externa. Por isso, observação metódica e análise têm um indisfarçável sabor de profanação, na justa medida em que detectam interesses, percebem estratégias e põem a nu as bases sociais e econômicas do mundo da cultura. Uma vasta pesquisa documental, um contato íntimo com produtores, intermediários, bem como uma análise objetiva e abrangente constituem a base deste trabalho pioneiro que é Arte, Privilégio e Distinção. José Carlos Durand, em seu texto preciso e crítico, distingue os elementos de uma história das elites e da mulher de sociedade, do comércio de luxo, da formação profissional, dos meios de comunicação e da ação cultural do Estado, integrando-os na perspectiva da cultura, da arquitetura e das artes plásticas no Brasil. Ao explicitar a rede de privilégios que assegura e recompensa a familiaridade de alguns com a arte e com o mundo da arte, este livro ajuda a localizar os grupos e segmentos que melhores condições sociais têm encontrado para distingüir-se nesse domínio, do Segundo Reinado aos nossos dias.


Imagem e Texto: www.editoraperspectiva.com.br

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