terça-feira, 10 de abril de 2012

Mostra “Elas” Encerra com Grafites de Drika Chagas


Feitas de tinta, as mulheres de Drika Chagas revelam silhuetas familiares. São figuras femininas inspiradas em transeuntes, personagens da vida cotidiana. Senhoras, jovens, meninas em sua expressão mais espontânea. Como um voyeur urbano, Drika captura suas musas no acaso. “A inspiração vem do cotidiano, das pessoas que cruzam o meu caminho. São expressões marcantes que eu guardo e transformo em grafite”, diz a artista, que realiza hoje uma intervenção no encerramento da exposição “Elas”, no Sesc Doca, às 17h. A mostra reúne seis obras inéditas. Nas paredes ou em suportes como pedaços de madeira, metal e tela, o spray multicolorido de Drika dá forma a damas de vermelho, bailarinas, milagreiras, angústias, olhares, charmes. Esboços de divas como Tarsila do Amaral transmutada em outras mulheres. “Com o intuito de atravessar um espectro brasileiro de mulheres que se destacaram em seus diversos campos artísticos, a exposição aparece em formato pocket, deliberadamente pequena, ao falar de um cosmos de fragmentos que é a cultura feminina e brasileira”, diz John Fletcher, curador da exposição.

Ação busca exercitar o desapego

Os grafites da paraense dialogam as fotografias de Rodolfo Nogueira e o vídeo-arte assinado por Lucas Escócio que, a convite de Drika, capturou as imagens em São Domingos do Capim especialmente para compor a mostra. Costurando as linguagens, a sutileza. “Há um elemento presente na poética dessas Giocondas gráfico-tropicais: a delicadeza – minúcia da qual advêm o mote para retratos-grafite os quais agregam tempos distintos, indistintos, cronologias outras, realinhavadas e adicionadas de elementos pop atuais”, diz Fletcher.

Arte Efêmera

Aberta no dia 15 do mês passado, em homenagem ao mês de celebração do Dia Internacional das Mulheres, “Elas” encerra hoje com uma intervenção de Drika. Convite aberto ao público, os visitantes poderão grafitar junto com a artista, numa construção coletiva. A proposta, segundo a paraense, é trazer à tona a efemeridade do grafite. “A ideia é mostrar para o público que tanto na rua quanto na galeria, o grafite é efêmero. No último dia da mostra, vamos filmar toda a ação. Depois que eu grafitar, a obra será apagada, imediatamente após ser concluída. Assim como nas ruas, o grafite está sujeito a ser apagado, ele não se desprende dessa condição. É um processo contínuo de desapego”, diz Chagas, que pretende produzir em cerca de três horas a obra que finaliza a exposição.

Hoje o nome de maior representatividade do grafite paraense, Adriana Maria Chagas dos Santos é graduada em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Pará e conheceu a vertente da arte urbana aos 15 anos. Logo depois foi para São Paulo, onde fez uma oficina sobre essa linguagem visual e a partir daí não parou mais de estudá-la.

“O grafite é um aprendizado independente, você busca seu estilo, procura a precisão do spray”, revela a artista, que destaca sua militância pelo movimento. “Meu maior objetivo é inserir o grafite no meio artístico de Belém. Quero mostrar o trabalho e sensibilizar as pessoas”, diz.

Drika realizou sua primeira exposição em 2009, “Ambiente Natural”. Depois participou dos projetos Indicial, no espaço que atualmente ocupa o Sesc Boulevard, e Anima, na Galeria Theodoro Braga. Promoveu a instalação Em-cômodos, no Bar da Walda, e a mostra individual “Cidade Labirinto”, no Sesc Boulevard. Atualmente, Drika ministra oficinas de grafitagem em projetos da prefeitura e do governo.


PRESTIGIE

Encerramento da exposição “Elas”, de Drika Chagas, com intervenção da artista de 17h às 20h30, no Sesc Doca ( Rua Manoel Barata, 1873, Reduto - Belém do Pará.) Informações: 4005-9500. Entrada franca.

Imagem e Texto: Diário do Pará

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